terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Profissional no foco


Carlos Alexandre Gomes de Alencar, 38 anos, é engenheiro de pesca e trabalha na Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), órgão vinculado ao Governo federal. Responsável pelas áreas de administração pesqueira, ele atua diretamente em programas especiais para atender os 600 mil pescadores do país. Em entrevista ao G1, ele dá dicas sobre a profissão e conta um pouco de como foi a sua formação.

G1 - Por que o senhor escolheu ser engenheiro de pesca?
Carlos Alexandre Gomes de Alencar
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Escolhi ser engenheiro de pesca porque eu sempre tive vontade de trabalhar com recursos marinhos e pesqueiros. Na época que eu prestei vestibular, havia dois cursos nessa área: o de Engenharia de pesca no Nordeste e o de oceanografia na Região Sul. Fui pesquisar dados das duas carreiras e optei pelo curso de engenharia de pesca porque ele era mais focado nos recursos pesqueiros, que era a área que eu tinha mais afinidade e interesse.

G1 - Onde o senhor estudou? O curso era como o senhor pensava/esperava?
Alencar -
Me formei na Universidade Federal do Ceará em 1993. O curso de engenharia de pesca era muito melhor do que eu imaginava. Ele é focado em três grandes áreas: tecnologia pesqueira, aqüicultura (criação de peixes) e processamento de pescados (parte da qualidade da produção e subprodutos). Além disso, o curso abordava a administração pesqueira (área em que eu atuo hoje) e recursos do mar em geral, trabalhando com questões ligadas ao meio ambiente e não somente aos pescados. Por todos esses aspectos, o curso me surpreendeu muito.

G1 - Qual foi o seu primeiro emprego na área de engenharia de pesca?
Alencar
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Assim que eu terminei a faculdade eu me matriculei na pós-graduação. Em 1994 fui para Belém (PA) trabalhar em um centro de pesquisa do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], no projeto Revizee -que eu considero 'o grande projeto da década de 90'. O Revizee significa Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva e ele deu o suporte necessário para que todos os estudantes de engenharia de pesca e oceanografia trabalhassem na área de recursos pesqueiros na prática. Ele é tão importante que havia mais de mil bolsas de pesquisa e boa parte dos profissionais de pesca que trabalham na área passaram pelo Revizee de alguma forma. Em 1995 passei a coordenar o programa, em 1997 voltei para o Ceará e continuei no programa até 1999. A partir de 1999 fui convidado para trabalhar na coordenação geral do programa em Brasília. Em 2005 passei no concurso do Ibama e hoje exerço uma função na área de administração pesqueira na Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), órgão do governo Federal.


G1 - Qual era o objetivo do programa Revizee?
Alencar
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O objetivo do programa era mapear e fazer um retrato de toda a Zona Econômica Exclusiva do Brasil (ZEE). Um terço do continente brasileiro está no mar e toda a área de pesca, de transporte marítimo, da marinha, ou a área onde a Petrobras atua estão inseridas na Zona Econômica Exclusiva. O programa Revizee traçou um diagnóstico dos recursos pesqueiros que existem nessas áreas. O projeto inteiro demorou uns 12 anos para ser concluído porque também foi feito um diagnóstico considerando a abordagem ambiental para saber quais recursos existiam ali e por que eles existem ali.

G1 – Como o senhor descreveria a sua atividade dentro da Seap?
Alencar –
Exerço uma das funções do engenheiro de pesca, que é atuar na área da administração pesqueira. Como atuo na administração pública, tenho que relacionar os programas do governo à ação executiva da pesca. O país possui 600 mil pescadores cadastrados, que demandam diversas ações do governo, por exemplo: necessidade de acessarem linhas de crédito específicas para o setor pesqueiro. Hoje temos linhas de crédito para produtores de lagosta, para que eles possam se modernizar e para que eles exerçam a pesca da melhor forma possível. Outro papel da Seap é trabalhar em projetos de habitação dos pescadores, que normalmente vivem em condições mínimas de moradia. O meu papel é tentar sistematizar as demandas dos pescadores coletivamente, pois a Seap não trabalha com demandas pontuais.

G1 – Qual a maior dificuldade da profissão?
Alencar
Na minha opinião, a maior dificuldade da profissão ainda é o mercado de trabalho, que é bastante competitivo e pouco reconhecido. Apesar de termos uma grande área de atuação, ainda falta reconhecimento deste profissional no mercado. O crescimento da aqüicultura, por exemplo, vem acompanhado da necessidade de profissionalizar os pescadores, mas muitos empresários são aventureiros e não reconhecem a necessidade de contratar um profissional habilitado para fazer o acompanhamento. Com isso, o mercado fica muito restrito e os profissionais sofrem com a baixa remuneração.

G1 – E quais são os benefícios da carreira?
Alencar
O que me sensibiliza e me orgulha muito é que o engenheiro de pesca trabalha na produção de alimentos de qualidade no país. Estamos muito focados na sustentabilidade ambiental – mantendo a qualidade ambiental e gerando alimentos para o país.

G1 – E quais as dicas para o vestibulando que pretende ser engenheiro de pesca?
Alencar – A primeira dica é estudar muito, pois o curso não é fácil. A formação é bastante pesada e mescla todas as disciplinas de engenharia e de biologia. É preciso ter convicção e paixão por isso, pois se o estudante não se dedicar ele não vai conseguir se formar. É ‘puxado’, mas é apaixonante. O próprio ato de pescar, por exemplo, exige muito estudo.




Essa entrevista foi retirada do portal G1 de notícias da Globo.Com

3 comentários:

  1. Muito bom saber que o engenheiro de pesca tem sucesso no mercado!
    Orgulho de ser engenheira de pesca ^^
    Te seguindo.

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  2. Muito boa entrevista, orgulho e paixão em ser engenheira e pesca :D

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  3. Estou procurando um profisional, para fazer uma avaliaçao em um terreno que tenho, para saber qual a possibilidade de montar criatorio de peixes.
    estado: Ceara
    contato:carlosgaia_1992@hotmail.com

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